Não sei se posso continuar dessa forma, não me reconheço mais, estou perdida entre tantas almas que posso ser. Fui aquela que sorriu com sua presença diluindo-se quando houve ausência, e logo é mutável, deixando ser levado por essa imensa nostalgia. Despedacei-me em tantos fragmentos, e não posso cobrar-me a juntá-los e resgatar-me. Muitos vestígios de mim encontram-se em ti, foram e ainda lhe pertencem, quero que ainda vejas em mim aquela que permanece tão sua. Para o mundo sou um tanto solitária e vazia, mas sabes o quão superficiais são estes, não sendo capazes de desvendar-me, pois se o fizessem enxergariam em mim, a ti. Meus olhos se fecham, minha boca se cala e me sufoco em gritos incansáveis por esta busca. E para mim? Quem sou? Sou apenas restos de sentimentos incinerados, papéis rasgados em minúsculos pedaços e soltos ao vento, um corpo cremado jogado ao mar... Tem-se tão avulso, ainda assim existindo cada partícula por si só, mas nunca, repito, nunca voltarão a ser aquilo que foram quando permaneciam intactos, ali, tão inteiros.